O caso recente de censura contra Pablo Marçal (PRTB/SP) expõe mais uma vez a deterioração da liberdade de expressão no Brasil, especialmente em um período que deveria ser marcado pela ampliação desse direito fundamental. Em democracias genuínas, o período eleitoral é um momento em que a livre circulação de ideias e opiniões deve ser protegida de forma intocável. No entanto, o que vemos no Brasil é o oposto. A escalada de arbitrariedades praticadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde as eleições de 2022 mostra que os julgadores têm se sentido cada vez mais confortáveis em descumprir a lei e restringir a liberdade de expressão.
O episódio envolvendo Pablo Marçal é particularmente preocupante. A censura foi solicitada pela candidata à Prefeitura de São Paulo, Tabata Amaral (PSB/SP), revelando um lado autoritário que já havia sido evidenciado anteriormente, quando contribuiu para a demissão de um comediante. Tabata, como outros em seu espectro político, demonstra um comprometimento com práticas que corroem a liberdade de expressão e incentivam o avanço da censura. Sua postura reflete um apoio tácito — ou explícito — à crescente repressão das vozes dissidentes. O fato de essa censura ter ocorrido a pedido de uma figura política reforça a ideia de que há um esforço deliberado para calar vozes que destoam da narrativa esquerdista.
Essa situação ilustra o conceito da “metáfora do sapo na água quente”, em que o sapo, confortável no início, é lentamente cozido até a morte sem perceber o perigo. Da mesma forma, a sociedade brasileira, especialmente aqueles à esquerda, pode não perceber o perigo que tais censuras representam até que seja tarde demais. Muitos, dentro desse campo político, ou são plenamente conscientes e coniventes com a destruição gradual da liberdade, ou atuam como “idiotas úteis”, apoiando cegamente um processo que acaba por corroer os pilares da própria democracia que dizem defender. Há, no mínimo, uma deformação moral em qualquer dos raciocínios aplicados: apoiar a censura contra adversários políticos, sem perceber que essa mesma arma pode ser usada contra si no futuro, demonstra uma cegueira estratégica alarmante.
A situação se agrava com a constante conivência da imprensa e de outras instituições, que, ao invés de denunciar essas arbitrariedades, frequentemente as apoiam ou silenciam. Não se pode tratar a defesa dessas práticas por parte da esquerda como uma normalidade. O desserviço prestado ao país por esses atos é insustentável, e qualquer tentativa de restaurar a verdadeira democracia e liberdade de expressão no Brasil deve começar pela punição rigorosa daqueles que foram diretamente responsáveis pelos abusos ou que, no mínimo, foram cúmplices em sua perpetuação.
Diante desse cenário, a restauração da democracia e da liberdade de expressão no Brasil será uma tarefa árdua. Será necessário um esforço conjunto para reverter o avanço do autoritarismo judicial e punir severamente os responsáveis. A preservação de nossa democracia depende da capacidade da sociedade de reconhecer esses abusos e reagir antes que o dano seja irreversível. Se continuarmos permitindo que a liberdade de expressão seja minada em nome de um suposto bem maior, arriscamos perder completamente aquilo que ainda resta de nossa democracia. A história nos mostra que, quando a liberdade começa a ser atacada, seu retorno é sempre um caminho doloroso e incerto.